11/19/2011

A lenda do brasão de Przemyśl.

( Portuguese)

À medida que a cidade de Przemyśl acordava, ouvia-se a voz dos guardas nas muralhas da cidade e o seu portão a ranger, por ele entravam agora os servos e mercadores. Sobre os telhados de palha subia o fumo das cozinhas. As mulheres faziam o pequeno almoço em pedras quentes, era aí que cozinhavam bolos especiais chamados podpłomyk. A parte mais alta da cidade estava separada do resto da cidade por outra fortificação, os guardas observavam da sua torre, enquanto um grupo de cavaleiros saía da cidade. Eram os mensageiros do principe, encarregados de se encontrarem com o chefe da tribo Wiślanie, para uma importante missão. Esta tribo, os Wiślanie, que morava perto do rio Wisła, vivia em paz com o povo da cidade, os Lędzianie. O Principe dos Lędzianie, chamado Przemysław, enviara os seus cavaleiros com presentes para os Wiślanie.
A maior casa da cidade era a mansão de Przemysław. A sua grande porta abre-se e de lá sai o Principe, armado com uma enorme lança, usada para caçar o rei da antiga floresta, o Urso. Przemysław tinha ainda preso no seu cinto um pequeno machado e às costas um arco.  Assim armado saiu de sua casa para caçar. Sendo cumprimentado pelo seu povo à medida que saía da cidade. Seguindo uma pequena estrada por entre as casas, chegou ao portão da cidade, onde os guardas lhe desejaram boa sorte. Daqui atravessou as muralhas e seguiu para a floresta.

Rapidamente entrou na floresta, que conhecia bem, passou por velhas árvores caídas e manadas de veados, o silêncio era apenas interrompido pelo cantar de alguns pássaros, ou pelo barulho do vento nas árvores.
De repente o barulho de ramos a partir chamou-lhe a atenção. Sendo um experiente caçador, Przemysław esconde-se atrás de um tronco e espera pelo animal que aí vem. Do mato surge uma porca com os seus leitões, o seu pelo era decorado com bonitas riscas. Przemysław deixa-os passar, hoje a sua caça era ao Urso, não aos javalis. Nem ele quereria caçar a mãe e os seus filhotes.

Dirigiu-se então para uma clareira, onde os tratadores de abelhas selvagens, lhe disseram que poderia encontrar o Urso. O animal teria andado por lá, destruindo colmeias selvagens e atacando o gado que lá costumava pastar.
Atravessando, arbustos, fetos e outras coisas típicas da floresta, finalmente o principe encontra a clareira, onde havia um enorme carvalho. Aproveitando a sua sombra Przemysław decidiu sentar-se e descansar. Encostou a sua lança ao carvalho e resolveu comer um bolo, um podpłomyk, mas assim que o ia a tirar do seu saco, apareceu o Urso. Considerando que não tinha tempo para apanhar a sua lança, Przemysław tirou o seu machado e preparou-se para o combate. O Urso levantou-se nas suas patas traseiras, rugiu e mostrou as garras. Mas de repente, colocou todas as patas no chão, virou-se e dirigiu-se para o interior da floresta.  Surpreso o Principe pegou na sua lança, e foi atrás do Urso.  Depressa o alcançou, mas o Urso parecia estar a ignorá-lo e  Przemysław não o queria atacar pelas costas, os Lędzianie tinham  a antiga tradição de nunca atacar um animal por trás. Ao observar bem o  Urso, o principe reparou como este se deslocava, com um porte cheio de dignidade.  Apercebeu-se então que o Urso queria que ele o seguisse. E ele assim fez.

Andaram assim juntos durante um tempo. Até que ao chegarem perto de uma colina, o Urso voltou-se e rugiu. Przemysław apercebeu-se que era uma despedida, e com todo o respeito fez uma vénia, como um rei para outro. Olharam um para o outro em silêncio, o Principe dos Lędzianie e o Urso, com a sua negra silhueta recortada no céu. Então o Urso afastou-se. O Principe não o tentou caçar de novo, compreendeu o simbolismo deste encontro. Ele próprio tinha de ser como um urso, sério com os seus inimigos e protector dos seus súbditos.
Quando regressou à sua cidade, o principe mandou que o concelho se reunisse. Ordenou aos seus cavaleiros para pintarem um urso num campo azul no seu brasão, quis ainda que o mesmo brasão fosse colocado sobre as portas da cidade.
Passados mais de mil anos, ainda encontramos o mesmo escudo na bandeira que está no topo do castelo da cidade. Mais tarde foi-lhe acrescentado uma cruz dourada, com a chegada do cristianismo. Mas essa é uma história para mais tarde.
Translated by Ana